Fim das sacolinhas
Dia 25/01/2012 as sacolinhas plásticas deixarão de ser fornecidas nos supermercados paulistas. Não vou entrar no mérito da medida ser ou não ecologicamente correta ou apenas oportunismo dos supermercados para se livrar do custo e, em contrapartida, começar a vender sacos de lixo. Acreditamos que isso já foi bastante discutido e, dado que a decisão já está tomada, é irrelevante nesse momento.
Entretanto, há alguns pontos que podem ocorrer a partir dessa medida que têm passado ao largo das discussões, pelo menos das que vi e li. A primeira pergunta e talvez a mais fundamental é: o não fornecimento de sacolinhas plásticas vai alterar o hábito de compras do consumidor? O fornecimento das sacolinhas é de uma conveniência inegável para o consumidor de qualquer classe e para qualquer tipo de compra, que pode decidir comprar em qualquer momento e pode comprar itens por impulso, sem se preocupar se caberão na bolsa trazida ou não.
Na ausência de sacolas a compra do consumidor vai ficar em grande parte condicionada ao que ele puder transportar com as sacolas que trouxe, porque não acredito que a cada compra vão pagar R$2,90 por uma sacola retornável e nem mesmo R$0,19 por uma sacola biodegradável, se estiver disponível. Com essa limitação, será que o consumidor vai limitar a quantidade de itens que compra a cada vez? Se isso acontecer, a tendência do consumidor ir mais vezes ao supermercado e comprar menos em cada vez vai se acentuar. Isso terá dois impactos imediatos: o tráfego nas lojas vai aumentar, o que é bom para quem administra bem seus estoques e suas promoções. Ficará mais fácil ter menos estoques e mais giro, além de potencialmente diminuir as perdas em perecíveis. Por outro lado, vai introduzir algum stress ou mesmo custo na operação, porque os check-outs vão ter que dar vazão ao tráfego aumentado, o número de tíquetes vai aumentar e o valor do tíquete médio diminuir.
Além disso, a compra por impulso também pode ser afetada, tanto dos que saíram especificamente para fazer compras, mas nas sacolas que trouxe não cabe mais nada, quanto daqueles que decidem sair do trabalho na hora do almoço para fazer uma compra rápida. Supermercados de passagem ou de shopping, por exemplo, podem ver diminuídas as compras por impulso. Sem as sacolas, o limite é o que os clientes possam carregar nas mãos.
Outra pergunta é se todas as camadas da população irão se comportar da mesma maneira. Os supermercados voltados para a classe mais educada mais sensível ao discurso ecológico, deverão ser menos afetados, porque os clientes inclusive já vêm adotando o uso das bolsas de tecido, reutilizáveis, mesmo sem a lei. Também nesses supermercados já não são tão comuns as compras em grande volume. Como será que a nova classe emergente e consumista vai se comportar? Supermercados de bairro devem ganhar tráfego, supermercados de passagem devem perder, perecíveis podem ganhar, itens de grande volume podem perder, as filas podem aumentar (ou o número de check-outs abertos em determinado momento) e, por fim, onde aumentar o tráfego pode haver mais oportunidades para promoções na própria loja.
Uma última questão: vai aumentar o delivery? No e-commerce, os supermercados cobram o frete. Isso vai ser passado para as lojas ou vão deixar o delivery grátis como um diferencial competitivo? Esses são apenas alguns pontos que julgamos conveniente serem monitorados na operação dos supermercados, que podem trazer problemas e oferecer oportunidades. E tem data para acontecer: 25/01/2012.