Mobilidade
Estive recentemente em um Forum de Debates sobre mobilidade, a convite da IT Midia. Entre os debatedores três empresas de serviços, um hospital, um banco e uma seguradora. Todos apresentaram exemplos interessantes de mobilidade em suas empresas, mas eu acho que faltaram algumas coisas importantes.
O primeiro ponto que me chamou a atenção foi o fato de que principalmente os exemplos mostrados eram de aplicações de mobilidade para dentro das empresas, ou como a adoção de soluções móveis serviu para a melhoria de processos internos. Sem dúvida há benefícios importantes que podemos extrair daí. Entretanto, a grande revolução da mobilidade, que está vindo inexoravelmente, é a que vem dos clientes. É a mobilidade para fora da empresa. O ponto é saber como vamos utilizar a ruptura provocada pelas novas tecnologias móveis na vida dos clientes para gerar novas oportunidades de negócios, incluí-los na cadeia de valor diferentemente do que temos hoje, interagindo entre si e com as diversas áreas da empresa e mudar radicalmente a maneira como prestamos serviço ou oferecemos produtos.
O segundo foi a ausência de exemplos da indústria e do varejo. São setores em que são estruturalmente muito diferente dos serviços, mesmo sendo serviços um componente importante de seu modelo de negócios hoje, com necessidades e capacidade de investimento diferentes. No caso do varejo, em particular, em que as margens são muito estreitas, o desafio é ainda mais interessante no sentido da necessidade de soluções criativas que apresentem resultados. E é ainda pressionado pelo imponderável dos clientes que de posse da tecnologia começam a demandar seu uso, quer estejam prontos ou não.
Seguramente todos os varejistas já devem, ou deveriam, ter isso na sua agenda. O exemplo já clássico, e me perdoem se ainda falo no assunto, é o do Tesco na Korea. Para quem não conhece é só buscar no youtube uma das centenas de versões do video, inclusive uma que eu mesmo legendei para os que têm dificuldades com o inglês. Nesse caso foi a mobilidade usada para incrementar vendas e serviços, levando a loja virtual até o cliente em seus momentos de espera. Aliás, temos visto alguns exemplos similares no Brasil e na América Latina, ainda que eu ache que estão perdendo o ponto fundamental do Tesco, que era transformar o tempo de espera em tempo de compras, mas contribui para rejuvenescer as marcas.
Por último, para a adoção da mobilidade no Brasil ainda temos que lidar com o custo a a disponibilidade de tecnologia. Não temos ainda redes suficientemente rápidas e baratas, nem uma penetração importante de aparelhos móveis inteligentes, como smartphones e/ou tablets. Entretanto, restam poucas dúvidas de que isso virá e o tempo que temos de hoje até esse dia é o que as empresas têm para entender esse mercado, suas possibilidades e qual o espaço deveriam ocupar.